domingo, 14 de dezembro de 2008

A trave que temos nos olhos

No passado sábado, durante a celebração da Missa das 18h na Sé, o Padre Mário alertava os seus paroquianos, para não serem do tipo de pessoas que quando vêem um lençol com uma nódoa, só conseguem enxergar a nódoa ignorando toda a beleza do lençol. Ouvindo aquelas palavras, relembrei-me de todo o meu percurso na Igreja.

Eu comecei a minha caminhada de forma não convencional. Fui baptizado em pequeno, mas durante a minha infância nunca quis saber de Igreja, catequese e tudo o que se assemelhasse, embora acreditasse em Deus e até aceitasse Jesus como seu filho, pois pelo que ouvia julgava-O um modelo de perfeição. Porém com o passar dos anos duma vida de vazio espiritual, tive a curiosidade de o encontrar, tantos falavam a favor e outros tantos contra, eu tinha de formular a minha verdadeira opinião: “Se Existes eu hei-de Te encontrar”. Mal sabia eu, que Ele estava só à espera que eu decidisse aceitar o convite que Ele me tinha feito.

Pois bem, onde procurar? Na Bíblia: “Se Esta é realmente a Tua Palavra, há-de me transformar e saberei que és realmente o Senhor de tudo e de todos”. E foi o que aconteceu, não conseguia parar de ler e os meus objectivos de vida tinham mudado, cumprir o que lia era agora o objectivo. Mas deparei-me com dois problemas, (João 6:53-58) e (1 Coríntios 12:12-31), resumindo, eucaristia e viver como Igreja. Viver como Igreja, ideia que não me agradava nada, pois só conseguia “enxergar as nódoas e não via a grande beleza do lençol”, ignorando que algumas das nódoas estavam nos meus olhos e não no lençol. Mas lá fui, aos 20 anos entrei para a catequese de adultos e comecei a frequentar a Missa, e não encontrei uma Igreja castigadora como esperava, mas uma Igreja de paz e amor. Porém passado um ano, vendo alguns exemplos menos católicos na catequese e na missa, “fiquei obcecado pelas nódoas”, não conseguia ver que grande parte das pessoas estava lá de gosto e com grande fé, e voltei para o mundo.

Insensato, não se pode voltar para o mundo quando já se morreu para este. Passei então um ano de agonia espiritual no mundo, como um filho longe de casa. Entretanto o Padre Mário voltara de Roma e senti que tinha de regressar também e procurar o coração da Igreja. Voltei para a catequese e entrei para o coro, mas de coração fechado. No entanto a forma como me receberam fez-me “cair do cavalo”, e vi que tal como Saulo, eu observava as Escrituras mas perseguia injustamente a Igreja, pois tinha o coração fechado. Como se não bastasse, semanas mais tarde convidaram-me para um tal Convívio Fraterno. Irreflectidamente aceitei de imediato, fui…e todo o gelo se derreteu e os olhos abriram-se assim como o meu coração.

Actualmente faço parte deste Grupo de Jovens e a mensagem que vos deixo é esta:

Não sejam meros assistentes de cerimónias, nem se deixem obcecar pelas nódoas da vossa vida e da Igreja, para que não corram o risco de se tornarem mornos na fé.

Assim porque és morno e não és frio nem quente vou vomitar-te da minha boca (Apocalipse 3:16).

Desculpem lá o testamento…


Cláudio Adriano

3 comentários:

Anônimo disse...

:D A verdade é que muitos tentamos fugir a este amor, a este olhar que quebra todas as barreiras que possamos ter... Que a alegria, a felicidade de viver em Cristo nos acompanhe sempre! Mesmo nos momentos mais difíceis... onde nem sempre O vemos. Que tenhamos a coragem de O ver ao nosso lado a nos ajudar como um Pai que nos ama e quer o melhor para nós e, o melhor nem sempre é aquilo que é dado mas sim quando é conquistado.

VL

Joel disse...

Olá Cláudio e Logos!
O caminho da nossa vida nem sempre é linear, por isso não é fácil encontrar o "melhor" caminho. Fico feliz por ler as maravilhas que Deus vai operando nas vossas vidas.
Obrigado por tudo.
Abraço fraterno em Cristo.

Anônimo disse...

Olá!!
Tenho a dizer que ao ler a tua partilha, comovi-me com o teu exemplo de coragem!!!
Sim…é preciso coragem para mudar tanto como tu fizeste, coragem para partir à (re)descoberta deste Deus de Amor e desta Igreja de Fraternidade…tal como na Parábola do Filho Pródigo, Deus esperou esperou esperou e ao chegares a casa te abraçou e mandou fazer uma festa!
Nesta noite, quero partilhar a minha oração de agradecimento ao Pai porque que te fez “cair do cavalo” e “descongelou” o teu coração…agradeço por Ele nos dar tantas provas do seu Amor…não é fácil caminhar para a verdadeira felicidade e por isso Deus coloca-nos companheiros de viagem para nos apoiar nesta Jornada…Peço a Deus que nos mantenha a todos unidos e que nos apoiemos uns nos outros para prosseguirmos viagem!
Obrigada por teres a coragem de partilhar algo tão intimo e tão verdadeiro com todos nós!!
BEMVINDO AO GRUPO!!EHEH!

***Andreia Horta